A psicanálise clínica é uma ferramenta revolucionária no cuidado e nas descobertas da mente humana. Ela nasceu a partir da colaboração entre os médicos austríacos, Josef Breuer e Sigmund Freud, no final do século XIX. Juntos, eles exploraram os mecanismos psíquicos da histeria, doença que causava inúmeros sintomas naquela época, da cegueira à loucura e até paralisia dos membros do corpo.
A histeria foi muito bem estudada por Freud que, numa conferência de Jean Martin Charcot, médico neurologista e cientista francês, observa que, com o auxílio da hipnose, Charcot faz uma mulher paraplégica se levantar de uma cadeira. Uma demonstração inquietante para a medicina da época. Uma técnica utilizada por Freud no inicio de suas pesquisas na psicanálise, porém, abandonada por ele mais tarde. A partir daí, nasce a psicanálise que, no futuro, iria revolucionar o campo da pesquisa.
Freud e Breuer, também desenvolveram o conceito de "ab-reação", uma espécie de liberação emocional de traumas reprimidos no inconsciente, local onde experiências boas e ruins, são armazenadas no nosso Aparelho Psíquico. Com tudo isso, surge aí o ponto de partida para que os estudos da psicanálise pudessem se desenvolver e serem aplicados em pacientes que, no futuro se tornariam até mesmo grandes psicanalistas registrados nos anais da história.
Todas essas observações fizeram com que Freud criasse e desenvolvesse a psicanálise como um método de investigação desse mesmo inconsciente citado logo acima. Essa vasta região da nossa mente que, escapa à nossa consciência. Um local obscuro que só pode ser pouco desvendado e acessado pela psicanalise.
Através da análise dos sonhos, da escuta analítica, e do estudo da fala de um paciente, o psicanalista busca então, desvendar os conflitos e desejos ocultos que moldam o nosso comportamento, causando-nos certo tipo de desconforto ou sofrimento psíquico.
A psicanálise clínica, com suas diversas escolas e abordagens, continua a evoluir, adaptando-se aos novos tempos e desafios. Seus insights sobre a mente humana, transcendem o consultório, iluminando fenômenos sociais, culturais e artísticos.
O psicanalista ouve atentamente seu paciente, caminhando junto com ele. Às vezes, ele pontua, faz alguma observação ou repete frases e faz perguntas diretas com a finalidade de ajudar o paciente a organizar melhor seus pensamentos, aumentando, assim, a sua percepção sobre si mesmo e sobre os conflitos que estão em seu aparelho psíquico.
O psicanalista observa, interage ou pode permanecer em silêncio absoluto. Isso permite que cada paciente se ouça, pense sobre o que fala, o que sente e o que diz.
No setting ou consultório de psicanálise, você tem a oportunidade de aprender mais sobre si, ouvindo de forma atenta e guiada a sua própria voz. Esse processo é fundamental para o nosso crescimento e para o desenvolvimento de uma personalidade mais forte.
Com a psicanálise, a pessoa aprende a ser mais dona de si, a enxergar a vida numa perspectiva mais realista e conduzi-la de forma mais consciente e, possivelmente, melhor.
É muito comum que se confundam os papéis entre os profissionais da psicanálise, da psicologia e da psiquiatria.
Embora todos tenham em comum o mesmo objeto de pesquisa — a psique — o psicanalista, o psicólogo e o psiquiatra atuam em diferentes áreas e de modos distintos.
Começaremos então pelo médico psiquiatra. Como o próprio nome sugere, ele atua na medicina, ajudando o paciente a buscar uma solução orgânica para seu sofrimento ou comportamento. Médicos psiquiatras costumam ouvir atentamente os pacientes, buscando informações específicas para dar suporte por meio de medicamentos que agem organicamente, ajudando no tratamento e no controle. Isso visa a estabilidade do quadro e a recuperação da saúde de seus pacientes.
Os psicólogos, por sua vez, atuam na clínica, no trabalho, nas escolas, em ambientes hospitalares, complexos carcerários, entre outros espaços que necessitam do cuidado desses profissionais. A psicologia trabalha de maneira dinâmica e multifuncional; cada abordagem trata o paciente de uma perspectiva diferenciada. Por exemplo, existem psicólogos comportamentais, humanistas, da Gestalt, entre outros. A abordagem utilizada depende de cada profissional e de cada caso específico.
Já o psicanalista atua ouvindo o paciente e, através da escuta, busca uma maneira de investigar o inconsciente. Os psicanalistas trabalham com a noção de inconsciente e de como ele atua na vida das pessoas, levando-as ao sofrimento ou a comportamentos que lhes causam desconforto.
A psicanálise não dá opiniões nem orientações diretas de como seus pacientes devem ou não se comportar. Ela não julga o comportamento; em vez disso, busca que cada paciente aprenda a desenvolver a capacidade de se tornar responsável, ativo e cada vez mais forte diante de si mesmo e dos outros.
Como podemos perceber, cada profissional atua de uma forma, mas todos visam o bem-estar e o crescimento de seus pacientes. Tanto a psicanálise quanto a psicologia e a psiquiatria atuam no processo de autoconhecimento e de desenvolvimento desses pacientes que procuram ajuda para lidar com seu sofrimento, ansiedade e a busca por uma solução.