Por: José A. nogueira
As relações estão cada vez mais insustentáveis, porque hoje, como nunca antes na história, estamos atravessando a era da tecnologia. Isso é um fenômeno tanto avançado quanto inquietante.
Com esse avanço, a ansiedade nas pessoas e o desejo por respostas rápidas têm aumentado. São vídeos breves de apenas sessenta segundos, videoaulas com duração mínima de quarenta minutos, novelas breves, curta-metragens.
Estamos cada vez mais intolerantes ao tempo e, portanto, esperamos que o outro mude em um instante o que se leva tempo para se transformar. Queremos que tudo aconteça de uma só vez, em um lapso de tempo sem ao menos fragmentar cada desejo.
Tudo se torna confuso, impaciente e frequentemente misturado. Não há equilíbrio para poder experimentar todas essas transformações, e daí surgem os conflitos pela impaciência. É mais fácil desistir do outro, abrir mão do casamento ou da boa e velha amizade.
Esse fenômeno do desenvolvimento humano não diz respeito apenas ao que se espera do outro. Não acontece somente nessa via das relações sociais, é, portanto, a angústia experimentada também na expectativa que temos de auto transformação ou uma transformação sobre nós mesmos. É uma fenomenologia socioambiental e, ao mesmo tempo, intersubjetiva.
É provável que, com tanta impaciência, também se decida desistir do desejo de se transformar, mantendo-se o mesmo ou a mesma por mais de uma década.